Se houvesse um campeonato das chatices médicas, as infeções urinárias (IUs para os amigos) estariam no top 3, logo a seguir à gripe fora de época e àquele torcicolo que aparece do nada. Mas, tal como acontece com qualquer tema popular, também as IUs são alvo de mitos, teorias mirabolantes e conselhos de “especialistas” de grupo de WhatsApp. Vamos separar o trigo do joio com uma abordagem descontraída e sem rodeios.
1. Só as mulheres têm infeções urinárias
Não. Embora as mulheres levem o “troféu” de maior incidência (cortesia da sua anatomia), os homens também podem ser premiados com esta maravilha biológica, especialmente à medida que envelhecem. Ou seja, aqui não há exclusividade!
2. Beber muita água previne infeções urinárias
Sim, e também obriga a visitas frequentes à casa de banho. Mas a verdade é que manter a hidratação em dia, ajuda a “lavar” as bactérias para fora do sistema antes que decidam montar acampamento na bexiga. Beber bastante água também é muito importante no tratamento da IU, como complemento da medicação.
3. Se urinares depois do sexo, estás imune!
Era bom, mas não é bem assim. Urinar depois do sexo pode ajudar a reduzir o risco de infeção ao expulsar eventuais intrusos indesejados, mas não é um escudo impenetrável. É tipo fechar as janelas do carro quando está vento: ajuda, mas se fores pelo deserto, o pó entra na mesma. Para além disso, depois das relações, é aconselhável que laves bem a zona genital, de preferência com um bom produto (com ph neutro) próprio para o efeito.
4. O arando vermelho é a poção mágica contra IUs
É mais um “suplemento de apoio” do que um escudo anti-IU. O arando vermelho tem compostos que dificultam a fixação das bactérias nas paredes da bexiga, mas se já tens uma infeção, não é um smoothie de arando que te vai salvar.
5. Febre? Isso não é de IU!
Errado. Se a infeção estiver limitada à bexiga, até pode ser só um desconforto e uma vontade inexplicável de declarar guerra à sanita. Mas se a febre entra no jogo, há um risco de que a infeção tenha chegado aos rins, o que é bem mais sério. Por isso, se a febre aparecer, só o médico e os antibióticos têm voz de comando.
6. As infeções urinárias só aparecem no inverno
Era tão fácil se fosse assim! Infelizmente, as bactérias não tiram férias verão. A diferença é que, no inverno, bebemos menos líquidos e podemos ficar mais vulneráveis. No verão, as idas à praia são boas para o tratamento, pois o sal da água do mar ajuda a curar qualquer infeção, mas ficar com o fato de banho molhado vestido durante horas é uma ajudinha para o lado errado, por isso é preferível trocar para roupa limpa e seca antes de voltares para casa.
7. Uma IU não tratada passa sozinha
Bem, tecnicamente, nenhuma infeção urinária passa por si só. No entanto, no caso das infeções ligeiras, é bem possível que tomes medidas sem dares por isso. Se beberes muita água, beberes um chá de gengibre (semelhante ao ibuprofeno) ou tomares um anti-inflamatório por qualquer outro motivo, estarás a tratar a IU sem te dares conta. Muitas vezes, no início dos sintomas, estas medidas podem ser suficientes para resolver o problema sem teres de recorrer a um médico. Mas lembra-te que, sem tratamento, a infeção pode subir até aos rins e tornar-se um problema bem mais grave. Por isso, se tentares estes “tratamentos” em casa e a infeção não passar dentro de dois dias, toca a ir ao médico!
Conclusão
As infeções urinárias são uma daquelas “batalhas do dia a dia” que ninguém quer enfrentar, mas que aparecem sem pedir permissão. Hidrata-te, mantém bons hábitos de higiene e, se os sintomas baterem à porta, dá-lhes resposta com um médico e não com um “técnico” de redes sociais. A tua bexiga agradece.
