O que diz a ciência sobre ómega-3 e PHDA?
Se tens PHDA (ou convives com quem tem), já deves ter ouvido falar dos supostos milagres do ómega-3. E, para variar, há alguma verdade no meio disto tudo. Estudos mostram que crianças e adolescentes com PHDA têm níveis mais baixos de ómega-3 no sangue, especialmente EPA (eicosapentaenoico) e DHA (docosa-hexaenoico). Isso levou cientistas a testar se suplementos de ómega-3 poderiam aliviar os sintomas.
Os resultados? Melhoria modesta, mas real. Uma meta-análise com cerca de 700 crianças encontrou uma redução pequena, mas significativa, nos sintomas da PHDA. Em termos práticos, não substituem a medicação, mas podem ajudar na atenção e controlo da impulsividade, especialmente em crianças com deficiência de ómega-3.
O que dizem os especialistas e os pais?
Não é só a ciência que recomenda ómega-3 para a PHDA. Médicos e pais também vêm melhorias, ainda que variáveis. Muitos relatam que os filhos parecem mais focados e calmos ao tomar suplementos de ómega-3. Por outro lado, há também casos em que os efeitos são quase inexistentes.
Os especialistas concordam que vale a pena testar, já que os efeitos secundários são mínimos. Segundo o Dr. Michael Bloch, “o ómega-3 pode ser uma boa opção complementar para a PHDA, sobretudo em quem evita medicação”.
EPA ou DHA? Qual o mais eficaz para a PHDA?
Dentro do ómega-3, o EPA parece ser o verdadeiro herói para a PHDA. Estudos mostram que suplementos ricos em EPA têm melhores resultados na atenção e hiperatividade do que os com apenas DHA. Por isso, ao escolher um suplemento, verifica a proporção EPA:DHA (idealmente, 2:1 ou 3:1 a favor do EPA).
Como obter ómega-3: Alimentação vs. Suplementos
A melhor fonte de ómega-3 é o peixe gordo: salmão, sardinha, atum, cavala e anchovas. O problema? A maioria das crianças com PHDA não come peixe suficiente. Alimentos vegetais como sementes de linhaça e chia contêm ALA, um precursor do EPA e DHA, mas a conversão no organismo é baixa.
Suplementos de ómega-3 (peixe ou algas) são uma solução prática para atingir doses eficazes. Escolhe um de qualidade, com alto teor de EPA e isento de contaminantes como mercúrio.
Dosagem recomendada para PHDA
Os estudos apontam para doses entre 500 a 1500 mg diários de EPA+DHA. Para crianças, um alvo razoável são 750 mg/dia, enquanto adultos podem beneficiar de 1000-1200 mg diários. Os efeitos demoram 2-3 meses a notar-se, por isso é preciso paciência.
Efeitos secundários: Devo preocupar-me?
Os riscos são mínimos: alguns podem ter refluxo com sabor a peixe ou ligeiros derrames intestinais (nada dramático). O ómega-3 pode reduzir ligeiramente a coagulação sanguínea, por isso deve ser usado com cautela por quem toma anticoagulantes.
Vale a pena experimentar?
O ómega-3 não é uma cura milagrosa para a PHDA, mas pode ser um aliado importante na gestão dos sintomas. A ciência confirma que a suplementação com EPA e DHA pode trazer melhorias na atenção, impulsividade e hiperatividade, especialmente em pessoas com baixos níveis naturais destes ácidos gordos. Embora os efeitos possam não ser tão imediatos ou intensos como os da medicação tradicional, o ómega-3 apresenta uma vantagem crucial: um perfil de segurança elevado, com poucos efeitos secundários.
Se quiseres testar o ómega-3 como parte da tua estratégia para a PHDA, o ideal é optar por um suplemento com um rácio adequado de EPA para DHA, dando preferência a formulações mais ricas em EPA. Além disso, deves ser consistente: os estudos mostram que os benefícios só se tornam evidentes após pelo menos 2-3 meses de uso regular. A paciência é essencial, pois os ácidos gordos ómega-3 precisam de tempo para se integrarem nas membranas celulares e influenciarem a função cerebral.
É importante lembrar que a suplementação com ómega-3 deve ser vista como parte de um plano mais amplo para a PHDA, que pode incluir terapia comportamental, ajustes na alimentação, exercício físico e, em alguns casos, medicação. Conversa com o teu médico ou nutricionista antes de iniciar qualquer suplemento para garantir que a abordagem é adequada às tuas necessidades.
No pior cenário, não notas uma diferença significativa nos sintomas, mas ganhas um nutriente essencial que melhora a saúde cardiovascular, cerebral e inflamatória. No melhor cenário, encontras um suporte natural eficaz para gerir a PHDA e melhorar a qualidade de vida. Com tantos benefícios potenciais e tão poucos riscos, experimentar o ómega-3 pode valer muito a pena!