Pequenos sinais do dia-a-dia podem indicar que tu ou o teu amigo têm Autismo, sem que tu, nem ele, tenham consciência disso. Eis aqui uma lista dessas pequeninas coisas que podem ajudar-vos mutuamente a uma coexistência mais pacífica ou pelo menos mais informada. Tenho a certeza ao leres este artigo, irás certamente recordar aquela pessoa (ou se calhar até és tu) que se encaixa perfeitamente em algum ou em todos estes comportamentos.
O “pintas” dos óculos escuros
Quem não conhece aquele gajo que anda sempre de óculos de sol, seja de inverno ou de verão ou até mesmo à noite, dentro da discoteca ou na sala de cinema?
Pois é, meus amigos, luzes fortes podem ser um problema para pessoas no espectro do Autismo, para quem pode ser absolutamente necessário usar sempre óculos escuros, para evitar a luz do dia mesmo quando não faz sol, e mesmo até à noite para não serem perturbados pela luz dos candeeiros de rua ou os strobs da discoteca.
O mestre em evitar as noitadas
Volumes extremos também podem ser um problema, pelo que ir à discoteca ou a um bar pode ser uma actividade impossível, tornando-se difícil explicar aos amigos porque “não quero ir”, principalmente quando não sabemos que temos autismo, ganhando-se assim a fama de se ser “um cortes” ou não gostar de se divertir.
“Mete isso mais baixo”
Mesmo em situações em que o volume não é alto, pode existir um problema com os sons fricativos (aqueles com muitos Rs, Fs, Ps ou Ts, como motores, serras eléctricas, batedeiras, baterias, martelos, etc), pelo que o som das obras a decorrer na rua, a fanfarra de carnaval, as buzinas dos carros nas celebrações de vitória do Benfica, e até mesmo o som incessante de um toque de telefone podem tornar-se numa verdadeira tortura chinesa para quem está no espectro do autismo.
A célebre frase “Nem consigo ouvir-me pensar” é uma realidade para alguns autistas. Volumes extremos e sons indesejáveis têm um efeito literalmente doloroso no autismo, que se traduz em dor auditiva e confusão mental, resultando em irritabilidade, cansaço físico e até lacrimejar. Portanto, naturalmente, autistas reclamam com quem mete música alta, com os colegas de trabalho que conversam o dia inteiro e têm ataques de fúria com o alarme que ninguém se mexe para desativar, parecendo totalmente maluquinhos e intolerantes aos olhos dos outros.
O copo no canto da mesa
O cérebro autista é também altamente capaz de antever acidentes e problemas, tendo imensa dificuldade em não tomar uma atitude na prevenção dos mesmos, pois surge uma espécie de “comichão” irritante no cérebro quando vê uma situação de problema iminente e não pode fazer nada para a prevenir. Estas pessoas são perfeitamente capazes de se levantar da sua mesa no restaurante para ir corrigir um copo ao canto da mesa no fundo da sala, ainda que se encontrem pessoas sentadas nessa mesma mesa, passando aí com certeza por “apanhadinhos do clima”, só para poder aliviar a sua “comichão mental”.
O mesmo acontece com o armário desorganizado em casa do amigo, o rebuçado verde no frasco onde só há vermelhos e o caos de loiça suja e lixo durante a festa de batizado do sobrinho. Há um problema e este é para ser resolvido, sempre e o mais depressa possível.
“Dizer tudo como os malucos”
Quem inventou esta expressão, certamente estava familiarizado com o problema do autismo. A falta do afamado “filtro” é também uma característica comum nos autistas, que regra geral, falam dos assuntos de forma bastante bruta e literal, tal como ela é, em detrimento do precioso tato de que todos gostam.
Não é que eles não tenham sentimentos ou que pretendam ofender alguém. É simplesmente porque para estes é difícil compreender o porquê de os factos serem algo que incomode alguém. Sendo que os factos não são sujeitos a opinião ou abertos a discussão, fica muito complicado para um autista determinar quais os factos que podem ser mencionados abertamente e quais necessitam de uma abordagem mais delicada.
Infelizmente, a comunicação eficaz é algo que requer toda uma vida de aprendizagem para o indíviduo autista, sem provavelmente nunca chegar a dominar o tema. Enquanto este pode ter um alto nível de inteligência intelectual, normalmente deixa um pouco a desejar em inteligência emocional. Ninguém é perfeito.
Sem diagnóstico não é autismo
Claro que só porque alguém tem algum destes sintomas, não significa que seja autista. É necessário que haja um diagnóstico de um médico, ou pelo menos, uma conclusão a partir de um teste científico que reúna um leque abrangente de sintomas.
No entanto, se te revês nos comportamentos mencionados neste artigo, procurar um diagnóstico através de um médico ou de um teste de autismo pode ser uma boa ideia. Seres capaz de explicar aos outros porque tens determinados comportamentos pode mudar a tua vida.