Já alguma vez te sentiste como se tivesses um hamster frenético a correr numa roda dentro da tua cabeça? Bem-vindo ao maravilhoso mundo do stress! Aquele convidado indesejado que aparece sem avisar e decide ficar para o jantar, o pequeno-almoço, e, porque não, para o resto da tua vida.
Afinal, o que raio é este Stress que todos sentimos
O stress, por si só, não é mau nem perigoso. Faz parte do desgaste natural da vida quotidiana e não pode — nem deve — ser evitado. Os desafios e as mudanças tornam a vida mais interessante, ativam a imaginação e estimulam-nos a aderir a novos empreendimentos. Basicamente, sem um pouco de stress, estaríamos todos a vegetar no sofá a ver repetições das telenovelas dos anos 90.
As pessoas com maior êxito na vida são muitas vezes aquelas que aprenderam a reagir de forma equilibrada a elevados níveis de stress. Não são super-heróis com capas invisíveis – apenas dominaram a arte de não entrar em combustão espontânea quando as coisas ficam complicadas.
Vítimas improváveis do Stress
Quando pensamos em stress, logo imaginamos o executivo com tensão arterial perigosamente alta ou o homem de negócios alimentando a sua úlcera nos almoços de trabalho. Mas raramente associamos o stress:
- Ao casal jovem que prepara freneticamente o seu casamento (e que ainda tem de decidir se o primo Joaquim que conta piadas impróprias pode mesmo sentar-se junto dos avós);
- À mãe em casa com o bebé recém-nascido (que aparentemente só dorme quando a bolsa de valores japonesa está aberta);
- A alguém reformado que ansiava por liberdade e tempo disponível depois de uma vida de trabalho árduo (e agora não sabe o que fazer com tanto tempo livre).
No entanto, todas estas pessoas podem sofrer de stress e dos distúrbios com ele relacionados. De acordo com o Instituto Português de Psicologia, mais de 70% dos portugueses admite sofrer de stress regular no seu quotidiano.
Os sinais de que o teu corpo grita “Socorro!”
O stress afeta todo o conjunto da pessoa — corpo, mente, sentimentos e comportamento. Os sintomas físicos podem incluir:
- Dores no pescoço (como se tivesses dormido numa prateleira);
- Dores na parte inferior das costas (lembrando-te que já não tens 20 anos);
- Dores de cabeça (aquelas que parecem que tens um DJ a fazer uma festa dentro do crânio);
- Ranger de dentes (transformando os teus dentes em areia para gatos com o tempo);
- Tiques nervosos, tremuras, agitação (parecendo que bebeste 15 cafés de uma vez).
Se não for tratada, esta tensão muscular pode conduzir a sintomas mais graves como tensão arterial elevada, enxaqueca e distúrbios digestivos. Sim, o stress pode literalmente fazer-te perder a cabeça… e o estômago.
As três reações ao Stress
Existem três formas básicas de reação ao stress: “luta”, “fuga” e “deixar andar”. Cada uma tem o seu momento de glória:
Reação de luta
Assumes duas formas, uma “externa” e outra “interna”. Na externa, pretendes enfrentar os problemas positivamente cara a cara. As pessoas com este tipo de reação costumam ser enérgicas, ambiciosas e competitivas. Consequências: irritação, impaciência e dificuldades em aceitar opiniões diferentes.
Risco: O desequilíbrio mais sentido pode originar distúrbios digestivos como colón irritável ou úlcera do estômago. Basicamente, o teu estômago torna-se num campo de batalha.
Reação de fuga
Os problemas são evitados fingindo-se que não existem. No melhor dos casos, esta forma de reação pode tornar-nos mais cuidadosos e prudentes. No pior, pode fazer-nos perder o controlo sobre as nossas vidas, tornando-nos dependentes dos outros.
Efeitos secundários não listados na bula: isolamento, afastamento ou sentimentos de desespero, que alguns médicos associam ao aumento dos riscos de cancro. Sim, ouviste bem. CANCRO!
Reação de “deixar andar”
Traduz-se pela aceitação da causa de stress sem lutar nem fugir dela. A ideia é “deixar-se ir na maré”, seguindo apenas os sentimentos prevalecentes na ocasião.
Perigos incluem: parecer vago, sem quaisquer valores nem crenças fixas, e dificuldade em tomar decisões. Poderás mesmo chegar a sentir que nada importa realmente. É como ser um adolescente emo, mas com contas para pagar.
Podem as mudanças provocar doenças?
Na década de 70, T. Holmes e R. Rahe, especialistas em stress da Universidade de Washington, descobriram que o stress devido a “mudanças da vida” era um fator de previsão de futuras doenças. Criaram um índice de 43 mudanças possíveis, atribuindo a cada uma um valor quanto à sua capacidade de provocar stress numa escala de 1 a 100.
Para se avaliar segundo essa escala, adicione as pontuações atribuídas aos acontecimentos constantes desta lista que tenha experimentado ao longo do passado:
- Morte do cônjuge: 100 (Literalmente, nada se compara a isto);
- Divórcio: 73 (Quase tão stressante quanto a morte, mas com mais papelada);
- Separação conjugal: 65 (Como o divórcio, mas com menos certezas);
- Morte de parente próximo: 63 (A dor é proporcional ao quão próximo eras);
- Casamento: 50 (Sim, mesmo aquele casamento “perfeito” que planeaste causa stress!).
Um total superior a 150 dá-lhe 50% de probabilidades de ter um problema de saúde num futuro próximo; se o total ultrapassar os 300, as probabilidades referidas serão de 90% — a menos que tome medidas eficazes contra o stress.
De acordo com o Centro de Estudos e Investigação em Saúde da Universidade de Coimbra, estes indicadores continuam a ser válidos e relevantes na sociedade portuguesa atual.
Auto-ajuda para vítimas de Stress
Enfrentar o stress é uma tarefa contínua de tentar reagir da melhor maneira possível a cada nova situação. Não existe nenhum método único e simples, mas os especialistas recomendam esta abordagem em quatro etapas:
- Reconhecer os sinais: O stress afeta todo o conjunto da pessoa — corpo, mente, sentimentos e comportamento. Identifica os sintomas e diz “Olá, stress, já sei que estás aí!”
- Desenvolver uma abordagem holística: Depois de conseguir controlar as tuas reações ao stress, considera a hipótese de optar por uma abordagem a longo prazo do seu problema. A harmonia e o bem-estar geral devem ser conquistados ao longo de toda a vida.
- Cuidar de ti próprio: Segue uma dieta equilibrada, faz exercício regular e dorme horas suficientes. Na resolução dos teus problemas, opta por compromissos de preferência a soluções extremas ou unilaterais.
- Pedir ajuda: Quando necessário, não tenhas vergonha de recorrer a profissionais ou terapias. A Psicoterapia, a Terapia pela Arte ou a Terapia Bioenergética poderão ser úteis.
O que dizem as Medicinas Alternativas
Métodos naturais
Será aconselhado a seguir uma dieta saudável, com suplementos polivitamínicos e minerais, substituindo os nutrientes consumidos mais rapidamente em situações de stress. Tenta não recorrer a cigarros, álcool, café ou tranquilizantes para te sentir melhor — eles prometem o céu e entregam o inferno.
De acordo com um estudo da Universidade do Porto, uma alimentação rica em antioxidantes, vitaminas do complexo B e magnésio pode reduzir significativamente os sintomas físicos do stress.
Plantas Medicinais
Experimenta infusões de erva-cidreira, camomila, erva-dos-gatos ou tília. Inclui flocos de aveia na tua dieta, a menos que sofras de intolerância ao glúten. Os técnicos poderão receitar-te relaxantes fortes, como escutelária, valeriana ou primavera.
Terapia comportamental
Os profissionais desta terapia afirmam que devemos aprender a relaxar. Estabelece limites para a quantidade e tipo de trabalho que fazes. Aprende a dizer “não” — é uma palavra pequena com um grande poder! Faz um intervalo para tomar chá ou para cinco minutos de descanso de hora a hora.
Homeopatia
Recomenda-se Ignatia 30 para situações de stress devido a choque, morte de um ente querido ou experiência dolorosa. Se o excesso de trabalho ou a comida e bebida exageradas te causam problemas digestivos e irritabilidade, experimenta Nux vomica 40.
Tai-Chi Ch’uan
Os movimentos lentos e harmoniosos têm por objetivo equilibrar o corpo, a mente e as emoções, libertando tensões e ajustando o fluxo de energia. Os doentes aprendem a respirar corretamente, favorecendo o relaxamento e a calma. É como uma meditação em movimento, mas sem teres de te sentar imóvel fingindo que não te dói o joelho.
O Hospital de Santa Maria em Lisboa já implementou sessões de Tai-Chi para os seus profissionais de saúde, com resultados positivos na redução dos níveis de stress ocupacional.
Outras Terapias Alternativas (para quem quer experimentar tudo)
- Terapia pela dança: Alivia a tensão e ajuda no relaxamento, permitindo expressar emoções contidas.
- Terapia pelas cores: A substituição de luz fluorescente por lâmpadas de luz natural pode reduzir o stress.
- Massagem: Uma massagem geral suave ajuda a recuperar um estado de saúde equilibrado e uma melhor capacidade de resolução de problemas.
- Reflexologia: O objetivo é induzir relaxamento, mas também pode tratar sintomas físicos.
- Terapia pela música: Ouvir música em casa é uma boa forma de descontrair depois de um dia tenso.
- Hipnose: Depois dos doentes estarem hipnotizados, são-lhes feitas sugestões que, passado o efeito da hipnose, continuarão ativas.
O Sono e o Stress: Uma Relação Complicada
Se tens problemas para dormir devido ao stress, considera estas opções:
- Plantas medicinais: Uma infusão de alfazema, tília, erva-cidreira ou camomila antes de dormir.
- Um banho quente com óleo essencial de alfazema pode ajudar-te a descontrair após um dia tenso.
- Homeopatia: Para alterações do sono por medo ou pânico, recomenda-se Aconitum. Para prostração física ou mental, Arnica.
- Hipnose: Os técnicos podem ensinar métodos de relaxamento muito eficazes para induzir o sono.
Segundo a Associação Portuguesa do Sono, mais de 30% dos portugueses sofre de distúrbios de sono relacionados com o stress.
Viver com Stress, não para o Stress
O stress é como aquele parente excêntrico que aparece em todas as reuniões familiares – não podes evitá-lo, mas podes aprender a lidar com ele sem perder a cabeça (ou o estômago).
Reconhece os sinais, desenvolve estratégias para lidar com eles, cuida do teu corpo e da tua mente, e não tenhas medo de pedir ajuda quando precisares. Afinal, não és um super-herói (ou se és, precisas urgentemente de usar essas super-habilidades para relaxar mais).
E lembra-te: viver com stress é inevitável, adoecer por causa dele é opcional. A escolha, como sempre, é tua.